Porquê? Why?

Há histórias que têm que ser contadas.
Há exemplos que têm que ser seguidos.
Há personagens que têm que ser desvendadas.
E nós merecemos um jornalismo diferente que nos mostre que ainda vale a pena.



25/03/10

Ao menino e ao borracho, põe Deus a mão por baixo

Já há alguns posts que não enveredava pelos tortuosos caminhos do Senhor.

Estava aqui sossegado a pensar se a Terra seria mesmo redonda, se o Giordano Bruno mereceu ser queimado vivo, se os braços cruzados da grande maioria da Igreja Católica fizeram sentido durante a II Guerra Mundial e constatei que o melhor era deixar-me disso.

Até consegui ir mais longe.
Concluí que uma religião não pode ser atacada por causa dos homens que a dirigem. Como constataram não disse "homens e mulheres que a dirigem" porque as mulheres não podem dirigir a Igreja Católica, foram e continuam a ser vetadas. Isto, apesar de o maior número de seguidores da fé católica ser do sexo feminino. Mas esse é outro assunto e não gostaria que pensassem que estou para aqui a implicar com o Vaticano de forma gratuita.

Então... onde é que eu ia?
Pois, estava para aqui com estes pensamentos anti-clericais - a pensar que estaria a exagerar - quando, sem estar à espera, fiz uma ronda pelas notícias do dia e deparei-me com uma pérola do Cardeal José Saraiva Martins ao Jornal de Notícias.

O responsável pela congregação para a Causa dos Santos, afirmou que "os recentes casos de pedofilia envolvendo padres católicos têm vindo a público como parte de uma «maquinação» pensada para atacar a Igreja." E diz mais: "Não digo que seja a maçonaria ou qualquer outro grupo, só digo que existe uma maquinação, um objectivo muito preciso, bem claro, para atacar a Igreja".

Hã?

Continuei a ler mais um pouco para tentar perceber onde é que o senhor queria chegar. E Saraiva Martins continuou: "99 por cento dos sacerdotes católicos apresenta um comportamento sério, sendo, por isso, «injusto», apresentá-los «como se fossem todos» pedófilos."

'Tá certo.
Não são todos. São alguns.
Tais como os homens que não usam saias nem dizem a missa. Também os há pedófilos. Talvez 99% por cento não seja, mas há-os. E sempre que são apanhados ou condenados os seus casos são divulgados de forma transparente na comunicação social. Por isso, por que razão é que, quando se fala de padres católicos pedófilos, não se podem chamar os bois pelos nomes sem que venha logo uma acusação de - como é que ele disse? - maquinação?

Não vou perder mais tempo nem gastar o vosso.
Não se pontapeia um moribundo.